“E, quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão”(Mt 6.5).
A oração não é uma formalidade para atrair a atenção dos homens, como pretendiam os fariseus. Eles oravam 18 vezes ao dia, segundo as leis herdadas dos antepassados. Por isso, a oração passou a ter, então, caráter de mero ritualismo, sem consistência espiritual, onde o que contava era a exterioridade sofisticada de palavras vazias para receber o louvor humano. A oração também não é como a reza, uma repetição interminável de enunciados que traduzem os sentimentos do coração. Este era o costume dos gentios, adeptos das religiões politeístas, que horas a fio repetiam mecanicamente as mesmas palavras diante dos seus deuses, o que mereceu a veemente reprovação do Senhor Jesus, pois o mesmo estava ocorrendo com os praticantes da religião judaica:
“…E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós lho pedirdes…” (Mt 6.7-8).
Afinal o que é oração? Segundo a Bíblia, a oração é uma via de mão dupla através da qual o cristão, com seu clamor, chega à presença de Deus, e este vem ao seu encontro com as respostas(Jr 33.3). A oração é fruto espontâneo da consciência de um relacionamento pessoal com Deus, não é monólogo, pois quem ora não apenas fala, mas também precisa ouvir. Neste diálogo o cristão aprofunda sua comunhão com Deus e ambos conversam numa linguagem que tem como intérprete o Espírito Santo (Rm 8.26,27). Orar não é ato penitencial para meramente subjugar a carne e nem é castigo, como alguns pais equivocadamente passam para os filhos, fazendo-os orarem como disciplina por alguma desobediência. Eles acabam criando verdadeira repulsa à vida de oração, desconhecendo o verdadeiro valor que ela representa para os homens. Ao contrário, se aprenderem que orar é ato que eleva o espírito e brota de maneira espontânea do coração consciente de sua indispensabilidade, como ensina a Bíblia, saberão cultivar a oração como exercício de profunda amizade com Deus. Os heróis da fé exercitaram esta através da oração. Abrão subiu ao Monte Moriá, para o sacrifício de Isaque, porque seu nível de comunhão com Deus através da oração era tal que ele sabia tratar-se de uma prova de sua fé(Gn 22:5,8). Enoque orava tão intensamente que a bíblia o denomina como aquele que andava com Deus(Gn 5:21-24).
Moisés trocou a honra e opulência dos palácios egípcios porque teve o privilégio de falar com o Senhor face a face e com ele manter íntima comunhão por toda a vida(Êx 3.1-22; 4.1-17). O maior exemplo de oração foi o próprio Jesus, pois, sendo Ele filho de Deus, poderia dispensar a oração como prática regular de sua vida. No entanto, ao humanizar-se, esvaziou-se de todas as prerrogativas divinas e assumiu em plenitude a natureza humana(Fp 2.5-8). A oração modelo, registrada em Mateus 6.9-13, não é simplesmente uma fórmula para ser repetida. Se assim fosse, Jesus não teria condenado as “vãs repetições” dos gentios. Seria uma incongruência. O seu propósito é revelar os pontos principais que dão forma ao conteúdo da oração cristã. A oração do cristão, sincera e completa em seu objetivo, traz em si estes aspectos: a) Reconhecimento da soberania divina(Pai nosso que estás nos céus). b) Reconhecimento da santidade divina(Santificado seja o teu nome). c) Reconhecimento da vinda do reino no presente e sua implantação no futuro(Venha o teu reino). d) Submissão sincera à vontade divina(Seja feita a tua vontade). e)Reconhecimento que Deus supre as necessidades pessoais (O pão nosso de cada dia). f) Disposição de perdoar para receber perdão(Perdoa as nossas dívidas…como perdoamos). g) Proteção contra a tentação e ações malígnas(Não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal). h) Desprendimento para adorar a Deus em sua glória(Teu é o reino, e o poder, e a glória).
Reflexões Bíblicas de autoria do Pastor Presidente:
JOSÉ FRANCISCO DE OLIVEIRA FILHO.